Enfim, eu vi pelas frestas da porta que você estava voltando. Lentamente, reconhecendo os lugares pelos quais você tanto passou outrora. Passei um bom tempo te olhando para ter certeza de que não seria apenas um sonho bom, novamente, e sim, você realmente estava voltando à minha vida. Corri para tentar arrumar algumas coisas que eu deixei fora do lugar, e assoprei o pó dos cantos esquecidos que você me fez abandonar. Deparo-me com o espelho, aquela sou eu, sim, aquela, de verdade, sou eu. Não mais a que estava a te esperar, sofrendo, chorando por dentro o tempo todo, não, aquela sou eu, porque te teria de novo. Aos poucos vou deixando o anonimato, destranco a porta e uma luz intensa lá de fora me invade por dentro, junto dela vem você, com seu passo suave, e o olhar exatamente como era antes. Eu começo a caminhar em sua direção, sinto que estou suando frio, não desvio do seu olhar, até que chego à você. Vou te tocar, e você me impede segurando a minha mão, a me dizer que só veio lembrar que não mais vai me querer.
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